Figurado de Barcelos , Família Ramalho

Rosa Barbosa Lopes, conhecida por Rosa Ramalho, nasceu no lugar da Cova, na freguesia de Galegos (São Martinho), no concelho de Barcelos, no dia 14 de agosto de 1888.
Os seus pais, Luis Lopes e Emilia Barbosa, eram sapateiro e tecedeira respetivamente, mas já eram igualmente oleiros.
O nome Ramalho, imortalizou-se. Conta-se que a avó da Rosa, recomendava ao filho (pai da Rosa), quando saia de casa, “não saias daqui, põe-te à sombra dos ramalhos!” – queria dizer que brincasse à sombra de umas árvores que existiam lá perto.
Muito nova trabalhou o barro, mas deixa de o fazer após o casamento, em 1906.
Só após a morte do seu marido, em 1956 (68 anos), abandonou a profissão de moleira. Volta a trabalhar no barro e a “modelar” a sua imaginação.
Nos anos 50 começou a produzir várias obras. O António Quadros acompanhou de perto a sua criação, tendo levado ao seu atelier vários alunos seus que estudam Belas Artes.
Em 1963 expos pela primeira vez em Cascais e é a partir dessa altura que começa a fazer anualmente a feira do Estoril. Nessa feira era comum vê-la fazer algumas pequenas peças em barro que pousava no chão. Muitas das peças que vendia eram apitos que faziam a delicia das crianças.
No texto da exposição Gosto de Mulheres, arte e histórias de mulheres também contadas por outros homens (2003), Batista Bastos refere-nos: " Era isso mesmo e muito mais, a velha Ramalho: maliciosa, astuta, pé ligeiro, rugas entrecruzadas num rosto curtido por mil sóis. Ao lado da neta Júlia, calada e atenta, quando necessário, faladora e critica quando era preciso",
E mais recentemente o António Galopim de Carvalho, escreve num post no facebook ( 10 de setembro de 2024) sobre o surrealismo da Barrista da Rosa Ramalho , onde remata: "Se aceitarmos que o surrealismo explora o domínio do sonho, da imaginação, do absurdo e que transverte a verdade sensível e a razão, procurando tudo o que se encontra para lá do real, Rosa Ramalha, introduziu o surrealismo na arte popular de trabalhar o barro."
A 9 de junho de 1980, foi-lhe atribuído postumamente o grau de Dama de Ordem Militar de S. Tiago de Espada.
As suas obras continuam a ser objeto de disputa pelos colecionadores.
É uma artista de culto intocável e considerada a grande pioneira da arte popular.
Rosa Ramalho morre a 25 de setembro de 1977, tinha 89 anos.
Imortalizou o nome “Ramalho” e legou-o ao artesanato e a Barcelos.
A sua neta Júlia e os bisnetos António e Teresa continuam a sua arte.
Assinatura das obras: RR e várias não assinadas
Referências:
Créditos fotográficos: Pedro Cruz Gomes e a foto da Rosa Ramalho, integra o arquivo do Museu da Olaria.
Catalogo da exposição: Gosto de Mulheres, arte e histórias de mulheres também contadas por outros homens (2003) , disponibilizada pela Teresa.
O figurado de Rosa Ramalho na coleção de Juan Yebra-Pimentel Rodriguez “ O espanhol”
Rosa Ramalho - Visita guiada 2022



